domingo, 5 de fevereiro de 2012

Te empresto, mas é teu

Sabe as sextas-feiras de bebidas?
Pois, então, são tuas,
mas me devolve-as assim que der
pra não me judiar.
Me alimento delas ao te beber
a cada folga minha.

Te empresto minha neblina
pra pensar igual a mim:
sofrer sem ter sentido só pra poesia ser reposta,
mas me desanuvia.
Leva minhas incertezas pra pôr num saco
e jogar no lixo junto ao cinzento que me encobre.

Reparto minhas colinas também
só pra te seduzir...
pra te aventurar, delinear,
correr, se refugiar e se divertir.
Mas diz que fica pra mais um novo tempo
e nem cobrador e nem catraca vão aparecer.

Leva todo o meu ritmo,
mas nem dançar eu sei.
Sou devagar por pura natureza, nem pros lados eu olho.
Agora me trás teus faróis
e encandeia meu penar
e traz consigo, amor, o amor pra clarear.

Num pacote só, tu leva meus emaranhados:
grátis nós de cérebro, tripas e cabelos!
Te emaranha nos meus pêlos,
mas me garante me enrolar nos teus também
e só sair quando, mais uma vez,
eu tiver capaz de encarar a solidão.