sábado, 11 de dezembro de 2010

(...)

Os tons bonitos numa imagem triste: um homem de costas figurando, possivelmente, um semblante radiante que não está à amostra.Uma moça dedicada se dedicou. (...)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Abraço Frouxo

Os pássaros cantaram nesta noite... foi bem quando tu me deste um abraço frouxo: tudo foi ficando distante, aéreo, mas, ainda assim, as sombras gostaram, elas gostam do som que os pássaros fazem. Querem mais música no show da meia noite. Eu gosto das sombras, mas lembro bem de me divertir ao ritmo do meu estalar de dedos durante o sol ao meio dia, chutando latas e catando pedras na contramão. Também lembro de mendigar por um abraço firme, mas é tarde para cobrá-lo: acho que prometi engolir o sol em prol das sombras. Elas me acalentam.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O homem que ficou com o casaco

Ela tinha a companhia dele nas noites turvas. Costumavam conversar enquanto a poeirinha de frio subia pelas pernas no ritmo de cada passo dado. Subentendido nas palavras, estava, para assim dizer, o esquecimento dele: ele tinha o casaco, ela não. Um esquecimento digno de um homem frio. O balanço do queixo e o arrepio na nuca de quem revelava a precisão de, mesmo estando ali, ir embora e, ainda assim, insistir em cada palavra ouvida. Ele não podia negar que mais frio ainda estava o frio na barriga. O frio de quem ama e não viola-se. Trema, homem, mas não tema! O amor é cálido de mais para se abafar num tecido de lã. (...)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Álibi

Surjo dos emaranhados onde as corujas se enfileiram uma-a-uma na dança de contorcer as cabeças. Não é um lugar estranho: negrume, somente. Pior és tu que surges de lugares banais e coloridos de sonhos meus, aliciando meus desejos para o teu vigor. Ordinária esquisitice de cair nas tuas ratoeiras e me danar sob o teu faro, foi onde errei e não erro mais. Não sou réu confesso, mas projeto maltrapilhamente nunca mais sofrer.

domingo, 7 de novembro de 2010

Welcome to my bath

A água gelada escorre. A cabeça quente, também. Ouço, bem ao fundo, a voz sofrida de Damião Arroz seguida da Lisa:
- Nothing unusual, nothing's changed: just a little older, that's all.
Será? Nesse mundo de manada, quem decide viver só é velho.

Narciso



Não havia sinal de fogo e, mesmo assim, me pus em posição de esgrima. O inimigo acobertado de armadura estava preso aos portões em alto ego: peito aberto e gritos ensurdecedores. As correntes me prendem bem ao meio da arena e, entre esmurro e ao meio da zoada, me ponho na candura de estar no lugar dele. Ele era eu. É como se, por instantes, o seu próprio ego desejasse profundamente te matar. As correntes somem, meus olhos cerram e ouço as ordens de Átropos:

- Cortem-lhe a linha!

Desconstruindo Julieta

A contagem dos ladrilhos se misturava à reza e aos pedidos de bons caminhos. Julieta, que procurava um bom futuro nos rastros das borboletas, tinha a liberdade sob os seus pés. Quanta pretensão - eu, Romeu – admirar tanta leveza num ar devasso: as borboletas se entrelaçavam às tatuagens que, por seus milhares de vezes, embaralhavam-se com as palavras de bom futuro. O fato é que, num dia normal de uma blusa florida, ela esperou a borboleta. E esperou. E esperança! A borboleta, sem anúncio, pousara na caçadora. Julieta-borboleta, de tanto elencar bons acontecimentos orientados por elas, estava, por inteira, no caminho certo. Ela era a certeza, ela era o bem.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Caducas

A tinta está descascando. Acharam melhor me levar ao restaurador e, de sobra, me deram uma porção contra as traças para beber. Acontece que minhas idéias estruturadas no respeito estão enquadradas na velhice, uma tela enquadrada na parede: um imóvel a mercê de cupineiros a ponto de ser comido vivo. Estão ficando caducas. De bengaladas em bengaladas, elas se digladiam e voltam ao ponto de sempre... e nesse esquizo, estão me levando junto à loucura, mas, ainda assim, espero definhar com elas.

sábado, 16 de outubro de 2010

De fogaréu

Madrepérola

Ela escolheu cintilar meus olhos, me propôs olhá-la a cada vez que passasse e, desse modo, chamuscá-los em faíscas brancas. Decidi não concordar e foi numa venda preta que eu me ceguei em três nós cegos: para ela e todas as outras. Mas o canto da (quela) sereia se alojou na minha loucura e, num vendaval de uma venda preta, meus olhos negros cintilaram. Não foi preciso proposta alguma, o tempo coube de valorizá-la dentro de mim.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Como o amor te vê?

Comove
Como move como vento
Comovente
O amor tem pena de mim.

A moça das maçãs


Maquiando os problemas à base de corretivo cor-de-pele, tu vais fazendo homens se entreter, rir e dançar à penumbra de becos úmidos. Menina esquecida, és mulher frustrada e futura senhora ao Deus dará: nas tuas mãos há uma maçã, um favor pecaminoso e o corromper da carne. O mundo é teu e, desse modo, procura nele a liberdade e continua presa ao teu próprio ser, vais pensando em absurdos perambulando até danar a mente e, feito cego às escuras, vai tateando. Teus amáveis ossos de quase três décadas não se deduzem à frente do espelho, só há carne, rugas e nada pra contar. Tripudie, Amanda! A vida ainda é bela, não é preciso amor para viver. (...)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Pandora

Sou presente dado
Não rejeitado, sou todo ouvido
Sou calado, embolado, coagido

Sou presente dado
De Hermes, de Deus, presente da Grécia
Sou Pandora, sou caixa, sou castigo

Sou presente dado
Mate-Mateus, mate a matemática!
Sou foto, sou arte e nordestino

Sou presente dado
Não confiável, pensativo
Sou homem-bomba, mudo e sem perigo

Sou presente dado
Transitivo, transitório, transigente
Sou inconsequente e, ainda assim, protegido

A garota de um olho só

Ela ainda os tinha. Eram grandes e repletos de cílios. Eram ávidos: o direito, pelas belezas, pelo sorrir. Já o esquerdo, entretanto, mirava a doença e o ácido que te corrói aos sete palmos do chão. Os olhos novos mofam e ela, coitada, perdeu um pros ácaros. O direito. Eu, que não queria ver a vala na face dela, lhe dei o meu.
- Àquela garota, meu olho direito, pensei.
Dei. E, hesitando por pensar em perder de novo, ela aceitou. O fato é que ela estava certa. Agora somos duas valas repletas de engano.

sábado, 25 de setembro de 2010

Cinzas

Sonhei que era sonhador. Que não sentia dor.
Eu, poeta aniquilado, me permiti te amar por nove anos. Sonhei emaranhar-me em ti. Que estava errado, que certo, que coisa-e-tal. Queimei teu nome! Me basta reconhecer-te pelo cheiro, pela rebeldia, pelo cantar... sou homem condenado ao não amar. Sou poeta carecido de corpos, de inspiração. Sou devoto da permissão permitida por mim de livre ser.

domingo, 19 de setembro de 2010

A saboneteira vista de baixo

“Eu não vou mudar não, eu vou ficar são mesmo se for só. Não vou ceder! Deus vai dar aval, sim: o mal vai ter fim e no final, assim, calado, eu sei que vou ser coroado rei de mim.”

De onde vem a calma - Marcelo



A cabeça atinada me fez trancar a porta de trava quebrada do banheiro e me trancar lá dentro. Te desatina, cabeça, desatina-me! Me faz parar de tremer. Me deitei aos pés da pia e procurei companhia – mas, veja, não há aranhas – há, entretanto, uma saboneteira. Toda saboneteira vista de baixo é a ponta da tromba de um elefante. É como se estivesse num safári: numa areia movediça, as idéias que tanto se debateram, agora estão atoladas. Eu, que desrosqueei o alargador, tirei o escapulário, desprendi a pulseira e estava pronto a passar a noite ali, estou são. O único problema é que elefantes não conseguem me ajudar a pôr a pulseira de volta. (...)



quinta-feira, 16 de setembro de 2010

domingo, 12 de setembro de 2010

Poesia urbana

Andamos feito gatos em guetos. Somos astros de um show onde a lua nos é antensiosamente nossa. Desossamos a arte; devoramos o verso; desembolamos as vísceras da rima e as saboreamos com uma dose da tua voz introspectiva com artimanhas de uma felina. Viramos lata, cruzamos ruas e, por fim, nos entocamos numa rua sem saída. Findamos o espetáculo.

A morte de Jacinto


O soprar dos ventos nos traiu. O que o desatento causa? Oh, lírio, meu delírio. Se soubesse: o disco eu não jogaria! Morreste me admirando, mas, e eu? Sou a ordem ao rir da brisa ocidental. O vilão venceu, vida vil. Átropos há de dar aval, sim.

sábado, 11 de setembro de 2010

Nomeie um sonho aqui

A noite já foi mais amável. Os sonhos de envelhecer divido apenas entre meu consumido coração e o cérebro que me escapa vez em quando. Essa é uma conexão única em que o cérebro me ajuda - ela, que não se disvincula do âmago - e ele me faltando essa informação. Há tempos me esqueço sem esquecê-la. Nós fomos pegos num sonho desgastado onde o que era velho não éramos nós, era, apenas, um sonho velho de um único velho. (...)

Armas de fogo

Estamos em quatro. Pilhas de livros e montes de papeis em branco assistem ao digladio de quatro pessoas armadas com suas infames perguntas infantis. Entre a busca por um pouco mais de experiência a cada nova resposta há alguém desconfortável: um ser ainda novo, mas convicto da verdade de ser pleno com seu próprio ser. Ele usaria a arma mais graúda num combate, a pergunta já foi disparada à pólvora e lhe falta o escudo na ponta da língua. Touché! Retrocedeu.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A cigana e o florista

Me envolvi, me entregaram e me entreguei. Meus dias de florista acabaram. Acredite ou não, eu – que vendo amor e não posso amar – me apaixonei. Quem daria uma rosa ao vendedor de flores? Uma moça morena cheia de pingentes de ouro me deu. A batida da música dava ritmo ao meu esticar de braços, agarrei a rosa e nunca mais soltei. Mesmo sem dar um passo sequer, eu há muito tempo parti em busca de alguém. Engraçado, já ela tanto andou sem procurar e encontrou. Acho que foi minha insistência. Acontece que o cheiro dela entrou nas minhas entranhas, atravessou meus pulmões e se alojou entre eles. Estou ciente que meus dias de folga estão contados: se apaixonar por uma cigana é inconstante, a qualquer hora ela parte, meu coração se parte e a pior parte é saber é saber que vou continuar sendo a pedra do meu próprio caminho. Caminho que, com muita insistência, vou pedir para ela jogar migalhas de pão para marcar a volta. E quando avistar uma pedra – provavelmente quebrada – vá de encontro a ela. Quero todo o coração da cigana e a metade do meu de volta.

Únicas palavras

- Olhe, Sr. Desespero, não me leve a mal, mas com tudo o que aconteceu, o senhor não deveria se incomodar e nem, muito menos, bater na minha porta às duas da manhã...
- (...)
- Acontece que o senhor não pode se culpar pelo Sr. Amor, ele é quem me faz sofrer.
- (...)
- Dizem que a cura para a doença do sofrimento é uma reza forte feita pela Madame Liberdade, é verdade?
- (...)
- O teu silêncio me endoida – aliás, falando nisso – vou visitar a Dra. Loucura, ela costuma te atravessar as entranhas e te analisar a fundo. Ela é maluca que cuida dos maiores malucos. Não é maluco isso?
- (...)
- Boa tarde, Dra., dizem que a senhora é doida, mas não me importo... eu sofro da doença do sofrimento, tenho rachões no coração...
- (...)
- Sinto que as poucas melhoras de quando visitava o Sr. Amor acabou... agora sou nada novamente. E não sinto vontade de me levantar, sabe? Eu nunca fui bonito, mas lá – lá na casa do Sr. Amor, eu me sentia bem, pelo menos era disposto a me levantar noutro dia. Mas, e agora? O que tenho?
- Você tem medo dos castigos da Mãe Existência.

sábado, 4 de setembro de 2010

A borboleta púrpura e o indolente

O vento foi formidável para que a borboleta cor-de-rubi adentrasse entre o trigo e empoleirasse numa lâmpada cor-de-prata. A lâmpada, ou melhor, o gênio cor-de-céu, despertara. A sonolência dele se despedira após o singelo ato da pequena voadora... ela lhe trouxe luz! Trouxe também a esperança cor-de-folha para que seu pensamento se vinculasse à liberdade. Estamos livres! Numa aquarela, o roxo se misturou ao azul e o (meu) amor não era mais vermelho. Quem me dera ter três pedidos e não ser o gênio da lâmpada. Poderia o gênio ter um pedido? Ele a pediria com uma escolha certa de ser feliz.
(à psicologia que, em mim, se empoleirou)

Perdendo o toque

Chegou abril e, com toda a efervescência de um feriado prolongado, fez-se poesia. As palpitações centradas de um coração ousado expunham minhas emoções: ali está ela. O que separa minha poesia da tua música é apenas uma curta estrada de vinte quilômetros contados pela minha ansiedade e euforia. Além de números, entretanto, o meu retrocesso ababela todas as convicções. Queria eu não ser ousado e amar: tentei, assim, me curar, mas só remediei o insanável. O problema é que a estrada se prolongou dentro de mim e fui perdendo o toque. Incurado, portanto, continuei a sofrer. Fui vivendo meus confrontos e ilusões até perceber o quão vil minha vida é. Sem ti. Senti.

Sobre levitar

Ele anda deprimido com uma tristeza que entranha em quem vê e faz danar a mais bela alegria que há em nós. Ele também percebeu que sua idade se tornou oponente aos sentimentos que tinha no peito. Acho que está endoidando. A sua mulher, Amparo, de tanta coisa ruim, se acostumou... vive com os olhos grelados prestando atenção nos minúsculos detalhes de um fio de lã. E se, por acaso, alguém chamá-la, mande esperar duas horas pra que ela venha perceber e mais trinta minutos para vir atender. Ele saiu do emprego e não sai de casa, entre a sala e a garagem a gente vê o percurso feito por um ser que só se move, não parece pensar. O dedilhado é de praxe, aprendido de cor, não tem como ela esquecer. Parecem-me monstros alienados da terra dos vividos... ela vive circundando a aliança de casamento: eles já foram felizes e, enquanto a mente dela ciranda entre o passado, ele foca no futuro. Carrega madeira para a garagem e as aplaina, fazendo, assim, pernas de pau. Ele acena e ri e se faz ser feliz. Parecem dois anjos levitando, ele tapando o sol com os braços abertos parecendo voar e Amparo amparada pelo divino matrimônio e entre tules e tecidos. Ela procurou o passado. Ele procurou as pernas de pau. Esses são refúgios achados.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Disfarce

Daria para ouvir os suspiros se não fosse o ranger da cadeira que ia e voltava com o empurrão das pernas sobre o móvel do centro. Se não fosse o clarão que viinha da janela, daria para ver os dois pares e mais um sapatos espalhados pela sala que esperavam pela dança, já a dança, pelo par. Mantinha sempre um sorriso. Sorriso feito vela branca – iluminado e sombrio – tudo assim, ao mesmo tempo. Daria, quem sabe, para ouvir seus velhos discos de blues, mas ela insistia em declamar e decorar seus argumentos de como sua vida era irrelevante ao uísque. A trivial Samanta, coitada, de tanto esperar se iludiu, beijou e se apaixonou pela monotonia. Alma gêmea.- Eu amo nós, escreveu.
Se não fosse o livro fechado, daria para ver a carta de suicídio, Samanta viva e os sonhos mortos...

domingo, 29 de agosto de 2010

A andorinha e o presidiário

O frio não intimida. Ele tira a camisa e ela, a sapatilha. Correm ávidos por um pouco de tempo a mais. São motoristas bêbados que se defrontam com o mar. São crianças endiabradas que pulam as ondas e tropeçam nas pernas. São festeiros que comemoram a liberdade dela. Futura liberdade. Há pouco menos de seis meses, ele a quer bem. Suga as forças vindas de sofrimentos passados e, enquanto tentam se aquecer, ele não faz nada. O presidiário sofre com as grades.
- Olhem o meu estado! Disse a andorinha de braços abertos enquanto umas gotas salgadas saiam das roupas e percorriam seu corpo até o calcanhar.
Ela está livre.
- Que não sejam devaneios de um preso alcoolizado, pensou ele.

Centelha Cecília


O que te separa da morte é um passo, Cecília. A cama já está ensopada e a garrafa de gasolina, seca. Os sonhos têm rastros de desculpas de si mesmos, são sonhos fúteis martirizados pela idéia de não serem apenas ilusões. Teu corpo intocado, branco e fresco de vinte-e-muitos-anos dava andamento ao próprio atormentar de cabeça que te corrói a alma e te faz lembrar a solidão. A tua cabeça inocente se corrompia com a idéia de fogaréu, mas se aliviava com o fato de libertar-se. O fósforo já está na tua mão e a centelha já foi disparada. É confuso, mas, de tanto ser guiada pelo brilho tu decidiste seguir a centelha. Cecília avançou.

Três buracos, dois botões e um bolso

Havia mais buracos que botões. Às 05:35 da manhã, solicitaria a Amparo para que trouxesse a camisa já remendada e de mangas curtas que lhe faltavam um ou dois botões. Engatou a correntina na barra da calça, esticou-a e colocou o relógio de bolso justamente no bolso, colocou uma caneta equilibrando-a sobre a orelha esquerda e duas folhas de papel junto à carteira, também. Lhe era de cor contar até três para subir escadas. Um, dois, três; subiu. No quarto da filha, com todas aquelas estrelas de plástico reluzindo e manifestando um ar cor de neon, ele deixou um pacote e três beijos. Um, dois, três; desceu. Para a mulher, os dois reais para comprar os pães e para Tom, o gato, um pires de leite, dessa vez bem caprichado. Algo estaria para acontecer. Mas, num dia comum, ele saiu dizendo que ia comprar cigarros. Nunca mais voltou.

Contradança

O sinal está aberto para que o semblante enfurecido do homem a encarasse e, com uma braveza estonteantemente devassa, ela afrontasse. Três passos sob as linhas brancas e um gesto de repulsa levantando o punho com as mãos abertas a vinte e cinco centímetros de vácuo entre eles foi impecavelmente combinados pelo destino. Ela: um passo para a direita, um passo para a esquerda; ele: um passo para a esquerda, um passo para a direita. Encontrar-se perde a graça. O toque no ombro e o solavanco para trilhar sozinho. O semáforo está aberto e a procura de um espaço para cruzar e ir-se embora.

Agreste

Vejo um controle remoto surrado, um celular barato e, sobre a cadeira, umas roupas amassadas que denunciam uma noitada passada. Meus olhos ávidos por uma, duas ou três poesias não captam nada. Estou seco.