domingo, 29 de agosto de 2010

Centelha Cecília


O que te separa da morte é um passo, Cecília. A cama já está ensopada e a garrafa de gasolina, seca. Os sonhos têm rastros de desculpas de si mesmos, são sonhos fúteis martirizados pela idéia de não serem apenas ilusões. Teu corpo intocado, branco e fresco de vinte-e-muitos-anos dava andamento ao próprio atormentar de cabeça que te corrói a alma e te faz lembrar a solidão. A tua cabeça inocente se corrompia com a idéia de fogaréu, mas se aliviava com o fato de libertar-se. O fósforo já está na tua mão e a centelha já foi disparada. É confuso, mas, de tanto ser guiada pelo brilho tu decidiste seguir a centelha. Cecília avançou.

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