Havia mais buracos que botões. Às 05:35 da manhã, solicitaria a Amparo para que trouxesse a camisa já remendada e de mangas curtas que lhe faltavam um ou dois botões. Engatou a correntina na barra da calça, esticou-a e colocou o relógio de bolso justamente no bolso, colocou uma caneta equilibrando-a sobre a orelha esquerda e duas folhas de papel junto à carteira, também. Lhe era de cor contar até três para subir escadas. Um, dois, três; subiu. No quarto da filha, com todas aquelas estrelas de plástico reluzindo e manifestando um ar cor de neon, ele deixou um pacote e três beijos. Um, dois, três; desceu. Para a mulher, os dois reais para comprar os pães e para Tom, o gato, um pires de leite, dessa vez bem caprichado. Algo estaria para acontecer. Mas, num dia comum, ele saiu dizendo que ia comprar cigarros. Nunca mais voltou.
domingo, 29 de agosto de 2010
Três buracos, dois botões e um bolso
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bacana, cara. Essa situação de contar até três para subir as escadas foi muito bem colocada! Acho que conota a coragem necessária pra ir embora.
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