terça-feira, 31 de agosto de 2010

Disfarce

Daria para ouvir os suspiros se não fosse o ranger da cadeira que ia e voltava com o empurrão das pernas sobre o móvel do centro. Se não fosse o clarão que viinha da janela, daria para ver os dois pares e mais um sapatos espalhados pela sala que esperavam pela dança, já a dança, pelo par. Mantinha sempre um sorriso. Sorriso feito vela branca – iluminado e sombrio – tudo assim, ao mesmo tempo. Daria, quem sabe, para ouvir seus velhos discos de blues, mas ela insistia em declamar e decorar seus argumentos de como sua vida era irrelevante ao uísque. A trivial Samanta, coitada, de tanto esperar se iludiu, beijou e se apaixonou pela monotonia. Alma gêmea.- Eu amo nós, escreveu.
Se não fosse o livro fechado, daria para ver a carta de suicídio, Samanta viva e os sonhos mortos...

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