segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A cigana e o florista

Me envolvi, me entregaram e me entreguei. Meus dias de florista acabaram. Acredite ou não, eu – que vendo amor e não posso amar – me apaixonei. Quem daria uma rosa ao vendedor de flores? Uma moça morena cheia de pingentes de ouro me deu. A batida da música dava ritmo ao meu esticar de braços, agarrei a rosa e nunca mais soltei. Mesmo sem dar um passo sequer, eu há muito tempo parti em busca de alguém. Engraçado, já ela tanto andou sem procurar e encontrou. Acho que foi minha insistência. Acontece que o cheiro dela entrou nas minhas entranhas, atravessou meus pulmões e se alojou entre eles. Estou ciente que meus dias de folga estão contados: se apaixonar por uma cigana é inconstante, a qualquer hora ela parte, meu coração se parte e a pior parte é saber é saber que vou continuar sendo a pedra do meu próprio caminho. Caminho que, com muita insistência, vou pedir para ela jogar migalhas de pão para marcar a volta. E quando avistar uma pedra – provavelmente quebrada – vá de encontro a ela. Quero todo o coração da cigana e a metade do meu de volta.

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